quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Entrevista com Vera Mussi por Adriane Perin

Discreta, SEEC celebra suas três décadas
Em entrevista, Secretária da Cultura, Vera Mussi, defende-se de críticas e questiona a falta de envolvimento da sociedade como um todo nas questões afins
03/08/09 às 16:48 Adriane Perin



Fachada da sede atual da Secretaria de Estado da Cultura (foto: Divulgação) Em junho de 1979 nascia a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC), uma das mais antigas em um país que ainda tem cidades sem sequer um Departamento voltado à area. A celebração dos 30 anos será marcada hoje com abertura da exposição de fotografias e objetos em sua sede. Desde seu surgimento, nove pessoas responderam pela pasta. Nos útimos cinco anos, ela está sob os cuidados de Vera Mussi. Historicamente, relegada a planos inferiores, quando o assunto é orçamento, seus índices não conseguem chegar a 1%. Mas a realidade não intimida Vera Mussi - nem as críticas de que não tem voz no Governo e da falta de uma postura mais incisiva. Ela se apega à “ diretriz da valorização da identidade paranaense”, trabalho que se traduz em investimentos no interior do Estado, do qual o Biblioteca Cidadã é o mais citado”. “Não se pode dizer isso de um órgão que investe 300 mil em cada biblioteca e tem o projeto de instalar 300. Não lembro de gestão anterior ter deixado algo assim, em que pese o fato de que não quero diminuir ninguém. Todos tiveram altos e baixos. E a questão orçamentária da Cultura é nacional; o Minc nem com Gilberto Gil conseguiu mais”, defende-se, citando a publicação de cadernos especiais com temáticas da cultura do Paraná – de comidas típicas, passando por festas, chegando a origem dos nomes do munícipios, e os Caminhos Históricos e Lutas. A capital Curitiba, costuma avaliar, “não precisa tanto quanto as cidades menores, porque aqui existe um aparato maior para fomentar e oferecer atividades culturais”. Cita instituições como Fundação Cultural de Curitiba, Goethe, Teatro da Caixa, que mantêm a capital alimentada de cultura. Cuidadosa, garante que isso não significa que a SEEC não olha para a capital, já que mantem seus espaços museológicos, Biblioteca Pùblica, Teatro Guaíra e certames como o Salão Paranaense e de Cerâmica. “É uma gestão que valoriza os municípios e incentiva a criação de secretarias municipais de cultura”, comenta e emenda, na defensiva. “Tanto que hoje os prefeitos visitam a SEEC, o que não acontecia. Mas, tem que ser uma via de duas mãos. A gente dá a biblioteca, mas os administradores têm que, pelo menos, designar uma pessoa para a cultura, já que ter secretaria é mais complicado”, completa. Vera Mussi recebe as críticas de forma tranquila e se protege sob o providencial “nem Jesus conseguiu agradar todo mundo”, enquanto segue enumerando as premiações de cinema, editais de circulação, acervos itinerantes. Observa que está sendo finalizada a Rede Estadual de Cinema, para dar espaços de exibição. Aproveitando o assunto, o Cine Guarani, no Centro Cultural do Portão, teve suas obras atrasadas porque um repasse do Governo Requião foi cancelado: ele pode fazer parte da Rede?. “Nunca existiu acordo nosso com o MUMA ( Museu Metropolitano de Artes), que é da FCC . Mas, se houver interesse da cidade porque não? Veja bem, na área cultural nunca houve nenhuma coloração política .Nunca foi perguntada a tendência partidária dos prefeitos das cidades que receberam algo da Seec”. Em tempo: A assessoria da FCC confirma que havia acordo para repasse de verba do Fundo de Desenvolvimento Urbano, gerenciado pelo Governo do Estado. A Prefeitura então incluiu o MUMA como unidade de interesse de preservação para dar continuidade às obras que estão em execução. Nem a situação do Museu Oscar Niemeyer (MON) incomoda Vera. Diz que é uma Instituição como o Centro Cultural Teatro Guaíra, BBP ou as emissoras Educativas, com orçamentos independentes. “Por força de lei a SEEC, órgão de administração direta, não pode usar leis de incentivo. Quem o faz, contorna a Lei”, fala, sobre Copel e Sanepar apoiarem apenas projetos do MON. Desta forma, também sente-se confortável em passar a bola adiante no caso do Festival Espetacular Teatro de Bonecos, que não teve apoio, mesmo com Lei Rouanet. Questionada sobre a responsabilidade do Governo do Estado de aproximar empresas que aqui pagam impostos de projetos como este, diz que o Governo não se esquivou. “Fizemos cartilha de esclarecimento, mas não tivemos sucesso. Mas, é um equívoco pensar que só o Governo é responsável. Porque grandes federações não fazem seu esforço para atrair o empresariado? A gente via nesses lugares, conversa, explica e continua tudo na mesma”, questiona. Tem na ponta da língua também a resposta que minimiza a inexistência da Lei Estadual de Incentivo a Cultura. Argumenta que “todas as que existem são ilegais”.”O próprio governo anterior provocou a inconstitucionalidade. Estamos trabalhando no Fundo Estadual, que consideramos alternativa melhor. Vejo chances de que se concretize neste governo”, avalia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário